Resenha do livro: Pedagogia da autonomia, de Paulo Freire.
Percebemos que neste trabalho, Paulo Freire atenta que o educador, enquanto sujeito de transformação social, deve estar imbuído de alegria e esperança, uma vez que sem estes mecanismos, a intervenção na realidade de seus educandos se transformaria em um processo irrealizável. Daí surge uma das principais lutas do ser humano: a tentativa de resgatar a esperança, em detrimento da desesperança que nos imobiliza. A compreensão do futuro em uma perspectiva mecanicista da história, de esquerda ou de direita, leva a degradação do sonho e da esperança, pois segundo estas concepções, o futuro já é sabido e não há como revertê-lo, compreensão que é amplamente desprezada por Freire.
Para o autor, as injustiças sociais que relegam muitos seres humanos no charco da miséria não são imutáveis. As intensas desigualdades sociais podem ser suprimidas sim, desde que aja uma união das classes oprimidas para mudar a realidade existente que, é indubitavelmente opressora. Assim, a história deve ser vista como tempo de possibilidade e não como de determinação. Não há como cruzar os braços diante de um sistema que nega as classes menos favorecidas o direito a dignidade, que é um direito imprescindível de todos os homens.
Ensinar exige a convicção de que a mudança é possível, o mundo não é, mas se transformou no que esta sendo. O futuro deve ser racionalmente planejado pelos sujeitos, portanto, problematizado, e não visto como inexorável. A contestação a ordem vigente é o ponto de partida para se buscar a autêntica mudança que nossa sociedade precisa, isso implica uma abordagem dialética da situação desumanizante e o anúncio de sua superação. A partir do fundamento “mudar é difícil, mas não impossível” é que se pode programar uma ação político-pedagógica eficaz.
O educador brasileiro salienta a importância de ter sempre claro que faz parte da ideologia hegemônica deixar