Resenha do livro de paulo galvão
Você acorda, em sua cama gigante, abre o roupeiro e (realmente) escolhe o modelito do dia; deixa a roupa separada; vai para o banho; se arruma. Perfume, maquiagem, cabelo: tudo ok. Vai para a garagem, pega o carro, sente que está um pouco gelado, então, liga o ar condicionado; coloca uma boa música e anda até chegar ao trabalho, claro, sem grandes preocupações com o horário. Para o almoço, um bom restaurante; cardápio diversificado e uma deliciosa sobremesa. A tarde é dedicada a resolver pequenos entraves e à noite, talvez um bom filme, lareira, jantinha caseira, tudo em harmonia com o friozinho do lado de fora.
Voltando à realidade, os pés começam a gelar e os dedos, trabalhando no teclado do computador, queriam se enfiar debaixo das cobertas. Enquanto isso não acontece (mas faltam apenas algumas linhas), eles se contentam em permanecer em ação, à espera dos estímulos enviados pelo cérebro que trabalha pensando o que mais poderia ser feito se, de repente, ganhasse uma boa quantia em dinheiro. Não falo de assalto, gente! Por favor! Não é para tanto. Um bilhete premiado vem melhor a calhar.
Foi ao ler o conto de Anton Tchekhov, “O bilhete premiado”, que me surgiram todos esses pensamentos. Pensamentos que acompanharam também Ivan Dmítritch e a esposa, quando surgiu a possibilidade de ter o seu bilhete premiado. Foi na narrativa dessa possibilidade que despontaram desejos, planos e sonhos ainda escusos do casal. Desses que nem nos damos ao “luxo” de sentir. Eles precisaram de um bom tempo para conseguir sonhar o que haveriam de fazer caso o bilhete fosse mesmo o da