Resenha do Livro Argonautas do Pacifico Ocidental
Rômulo Mazzocco M. B.
Malinowski inicia seu trabalho antropológico fazendo algumas considerações sobre a sociedade que vai estudar. As populações costeiras das ilhas do sul do Pacífico são constituídas de hábeis navegadores e comerciantes, os papua-melanésios, habitantes da costa e das ilhas periféricas da Nova Guiné, da qual Malinowski irá estudar, não são exceção a esta regra. São todos navegadores, artesãos e comerciantes.
A par da atividade comercial, existe outro sistema, bastante complexo e extenso que abrange, em suas ramificações, não só as ilhas próximas ao extremo leste da Nova Guiné, mas também as Lusíadas, a ilha de Woodlark, o arquipélago de Trobriand e outros. Esse sistema de comércio, o Kula, é o que Malinowski propõe a descrever, trata-se de um fenômeno econômico de considerável importância teórica. Ele assume uma importância fundamental na vida tribal e sua importância é plenamente reconhecida pelos nativos que vivem no seu círculo.
Antes de Malinowski descrever propriamente o Kula, ele apresenta uma descrição dos métodos utilizados na coleta do material etnográfico. Para ele, “um trabalho etnográfico só terá valor científico se nos permitir distinguir claramente, de um lado, os resultados da observação direta e das declarações e interpretações nativas e, de outro, as inferências do autor, baseadas em seu próprio bom-senso e intuição psicológica” (p. 18). Diz ainda que é frequentemente imensa a distância entre a apresentação final dos resultados da pesquisa e o material bruto das informações coletadas pelo pesquisador através de suas próprias observações, das asserções dos nativos, do caleidoscópio da vida tribal.
No começo do trabalho de campo nas Ilhas Trobriand, Malinowski conta que não foi possível entrar em conversas mais explícitas ou detalhadas com os nativos, a solução encontrada era coletar dados concretos, e, assim, passou a fazer um recenseamento da aldeia: anotou genealogias,