Resenha do filme " o guaranir"
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O que está em questão em torno do pares românticos de O Guarani – o índio Goitacá Peri e Cecília, filha de fidalgos portugueses – é a constituição da nação. O indianismo de José de Alencar, vai desempenhar um papel fundamental na construção da identidade brasileira, exigência gerada pela ruptura da colônia com a metrópole. Os índios têm um papel fundamental na moldagem da brasilidade e, embora, como argumenta Alfredo Bosi, fosse razoável que ele ocupasse, no imaginário pós-colonial, o papel de rebelde, já que era o habitante originário do território invadido pelo colonizador, o índio de José de Alencar entra em íntima comunhão com o colonizador (Bosi, 1992:177). Peri faz parte daquele grupo de índios, colocados na categoria de “índios bons”; ele sucumbe de paixão por brancos - sentimento estanho ao seu universo -, colocando-se à mercê dos mesmos. Peri abandona sua gente a fim de servir Ceci, aprende a falar português, torna-se cristão para poder salvar sua adorada senhora. Peri é a representação do bom selvagem, ele é forte, altivo, belo, livre, nobre, fala português. Na verdade, suas qualidades positivas pertencem ao mundo civilizado, sua força e coragem reproduzem os valores medievais dos romances de cavalaria (Ortiz, 1988:265). Este é o índio que entra em comunhão com o colonizador e que vai constituir a nação brasileira; a união de Peri e Ceci na floresta, que gera a brasilidade, simboliza o cruzamento de uma determinada cultura com uma natureza domesticada. (Ortiz, 1988:262)
Não se fala em violência do colonizador face às populações indígenas que habitavam o Novo Mundo, afinal, como lembra Bosi (1992: 179-180), a prosa de Alencar não é uma crônica realista, não tendo, por conseguinte, nenhuma preocupação com a verossimilhança: ela tece o mito. Os conflitos entre o colonizador e os índios são atribuídos à ferocidade de alguns povos indígenas, ferocidade essa reconhecida por Peri.
Os índios se mostram inteiramente afinados com o projeto com o projeto do