Resenha do filme A festa de babete
O filme conta a história de Babette, a empregada da casa das filhas de um pastor protestante. Este pastor, falecido há muitos anos, fundou a vila e moralizou toda a vida dos moradores. Os costumes são rígidos e a vida é dura e difícil.
Babette é a cozinheira da casa. Um dia recebe a notícia de que ganhou na loteria e pede para fazer um jantar para as patroas e os moradores, membros da Igreja. Proposta aceita, Babette encomenda os ingredientes e organiza um belo jantar que transforma a vida da pequena vila.
Babette traz para a vila à beleza, as delícias, a delicadeza. Ela usa todo o dinheiro que recebeu para preparar o jantar. É a gratuidade em pessoa. Ela se dá em tudo o que faz. Só tem um objetivo: transformar a vida endurecida dos moradores e o faz através do trabalho em que é especialista. Prepara cuidadosamente todos os ingredientes e pratos, quer provocar o prazer, os sentidos, a delícia do viver. E consegue. Na medida em que os pratos são servidos, o filme mostra a transformação nos rostos das pessoas.
O que motiva Babette a oferecer o jantar o prazer de ver os olhos brilhando, a alegria e a vida voltando o prazer de dar-se gratuitamente.
Quem pensa que a comida só faz matar a fome está redondamente enganado. Comer é muito perigoso. Porque quem cozinha é parente próximo das bruxas e dos magos. Cozinhar é feitiçaria, alquimia. E comer é ser enfeitiçado. Sabia disso Babette, artista que conhecia os segredos de produzir alegria pela comida. Ela sabia que, depois de comer, as pessoas não permanecem as mesmas. Coisas mágicas acontecem. E desconfiavam disso os endurecidos moradores daquela aldeia, que tinham medo de comer do banquete que Babette lhes preparara. Achavam que ela era uma bruxa e que o banquete era um ritual de feitiçaria. No que eles estavam certos. Que era feitiçaria, era mesmo. Só que não do tipo que eles imaginavam. Achavam que Babette iria por suas almas a perder. Não iriam para o céu. De fato, a feitiçaria