Resenha do filme zelig
A história do filme Zelig se passa nos Estados Unidos, nas décadas de vinte e trinta do século 20. O protagonista do filme, Leonard Zelig (Woody Allen), tinha a capacidade de alternar sua personalidade e aparência de acordo com o ambiente em que se encontrava inserido, por isso era conhecido como “homem-camaleão”, ele tornava-se semelhante às pessoas que o cercavam, tornava-se negro, aristocrata, médico, grego, serviçal, dependendo do lugar e das pessoas que estivessem próximas. Depois de submetê-lo a sessões de hipnose, a Dra. Eudora Fletcher (Mia Farrow), concluiu que o raro distúrbio estava relacionado a intensa necessidade de Zelig de ser aceito pelos outros, já que na infância sofrera discriminação, além de ter sido negligenciado pelos pais. Essa necessidade por aprovação é um fenômeno bem presente na vida atual. As rápidas mudanças sociais, culturais e tecnológicas exigem do homem uma notável capacidade de adaptação, levando-o, muitas vezes, a uma “crise de identidade”. O processo atual de globalização produz diferentes resultados em termos de identidade, a homogeneidade cultural promovida pelo mercado global pode levar ao distanciamento da identidade relativamente à comunidade e à cultura local. De forma alternativa, pode levar a uma resistência que pode fortalecer ou reafirmar algumas identidades nacionais e locais ou levar ao surgimento de novas posições de identidade (Hall; Woodward, 2007). Por isso, da mesma forma como ocorreu com Zelig, quando já na infância era perseguido por garotos anti-semitas, e em razão disso desenvolveu as suas múltiplas personalidade, muitos indivíduos negam a própria identidade cultural, se identificando e assumindo a identidade das culturas dominantes. A representação, compreendida como processo cultural, estabelece identidades individuais e coletivas e os sistemas simbólicos nos quais ela se baseia fornecem possíveis respostas para as questões: Quem eu sou? Oque eu queria ser? Quem eu quero ser?