Resenha do filme "língua - vidas em português"
Através de populares e pessoas ilustres da literatura e da música como João Ubaldo Ribeiro, José Saramago e Mia Couto, Martinho da Vila e Teresa Salgueiro, o diretor tenta reconstruir os caminhos da língua portuguesa. Como ela chegou a cada país através de bocas portuguesas e como em cada região ela se reinventou, ocasionando o que Saramago afirmou em “não há uma língua portuguesa, mas línguas em português”.
São inúmeras passagens que mostram como a língua portuguesa sofre diferentes influências, cruza com as mais diversas histórias, culturas e não se esvazia jamais de sentido, isso é a própria comunicação. Não há a possibilidade de uma língua simplesmente absorver novas interpretações isoladas, contextualizadas apenas para um ou outro país. Ela pertence a um universo muito maior e representa a memória coletiva de um povo colonizador e um povo colonizado.
O filme ainda nos chama a atenção para algo que está todo dia a nossa volta: o preconceito lingüístico. Ao mesmo tempo que isolamos quem não se encaixa nos padrões da “nossa” língua, da nossa forma de falar, somo isolados também. Um exemplo, o vendedor de bala que mistura linguagem bíblica com o português informal e considerado gramaticalmente incorreto. Do outro lado, é nítido que portugueses e outros falantes de português consideram a fala dos lusos o “verdadeiro português”. Apenas diferentes formas de preconceito lingüístico, que no final entendemos que não nos leva a lugar algum. Português é mutante, é vivo, é lindo e é apaixonante. Devemos nos deixar levar pela nossa língua, valorizar nossa musica