Resenha do filme Cidadão Kane
Algumas, não: 37 jornais, 2 sindicatos, uma rede de rádios, uma rede de armazéns e fábricas de papel, prédios de apartamentos, fábricas, florestas e transatlânticos. Mesmo com tudo isso, Charles Foster Kane não conseguiu se eleger governador. Tentou fazer de sua esposa cantora de ópera, obtendo sucesso por algum tempo, mas não conseguiu fazer dela uma boa cantora. Sejamos sinceros – não conseguiu fazer dela nem sua esposa por muito tempo. Não conseguiu impedi-la de separar-se dele.
Acho importante exemplificar o poder da mídia – que não é pequeno – por meio das teorias americanas, como logo farei, mas antes de qualquer coisa tem-se que manter em mente que, por mais poder que Kane tivesse, ele não era infinito. Não conseguiu fazer tudo o que queria. No final das contas, era um homem com sentimentos como qualquer outro. Morreu como qualquer outro.
Vemos Kane como criança – sim, ele já foi uma! Infância complicada, inclusive, com problemas igualmente complicados com os pais e, posteriormente, com o tutor rico. Coisas que viriam a render-lhe uma forte necessidade de ser bem visto e reconhecido pelos outros, grande ambição, vaidade e sede por poder.
De qualquer maneira, como já foi dito, apesar de não ser Deus, seu poder era inegável. A Teoria da Agulha Hipodérmica, que trata o espectador como passivo e a mídia como um meio dominante que é capaz de controlar e manipular as pessoas, pode ser percebida praticamente em todo o filme, quando Kane acredita ser dotado de tal poder. Frases como “as pessoas acreditam no que eu manda-las acreditar” e “eu defino a opinião pública” são apenas alguns exemplos. Sempre quando confrontado, Kane tratava as massas como seres anencéfalos que acreditariam cegamente em tudo o que