Resenha do filme Boa noite, boa sorte
Ana Luiza Voltolini
Para quem está acostumado a ver George Clooney na tela do cinema em filmes como Onze Homens e Um Segredo, ou se lembra dele como médico bonitão no seriado E.R., poderá se surpreender ao vê-lo em preto e branco. Quem assiste Boa Noite e Boa Sorte na expectativa de encontrar o Clooney dos filmes comerciais com certeza irá se decepcionar.
Lançado em 2005, o filme conta com o ator em sua segunda experiência como diretor. Tecnicamente falando, não há nada revolucionário na filmagem desse longa-metragem. As cenas são simples, sem efeitos especiais e a fotografia não empolga, mas ainda assim, Boa Noite e Boa Sorte teve 6 indicações ao Oscar, 4 indicações ao Globo de Ouro, 6 ao BAFTA e outras 4 ao Independent Spirit Awards.
Por que?
A resposta do sucesso do longa está no roteiro. A história se passa em um tenso e sombrio Estados Unidos da década de 50, pós-segunda guerra mundial, marcada no país pelo Macartismo. A “patrulha” contra qualquer ideia que pudesse ser considerada comunista era assegurada pelo senador Joseph McCarthy por meio de perseguições políticas e constante violação aos direitos civis, a que muitos se referem como uma verdadeira “caça às bruxas”.
É nesse meio que o jornalista Edward R. Murrow (David Strathairn) se encontra. O âncora do programa da emissora CBS “See it Now” entra, por meio deste, em um embate com o senador, questionando suas atitudes e desafiando os limites da liberdade de expressão imposta pelo político, juntamente com o produtor Fred Friendly (George Clooney). É do bordão utilizado por Morrow ao fim dos programas que vem o título do filme, homônimo na versão original.
O filme invade a realidade quando se repara que as imagens do Senador McCarthy são de arquivo. Clooney disse em uma entrevista após o lançamento do filme que não quis substituí-lo por nenhum ator, o que deixou o longa com um aspecto de documentário. No final, ele mais pareceu uma denúncia do que aconteceu e acontece