Resenha do Documentário Lixo Extraordinário – Vik Muniz –

O artista plástico Vik Muniz, que após um trabalho com crianças de uma ilha caribenha “Crianças de açúcar”, decidiu se afastar do conceito das belas artes e dedicar a arte como um instrumento de transformação de um grupo de pessoas.
A partir da indicação de um amigo, escolheu o lixão de Jardim Gramacho na periferia do Rio de Janeiro, um dos maiores do mundo, para esse trabalho que foi feito entre agosto de 2007 e maio de 2009. A ideia do artista era fazer arte através de elementos que retratassem a realidade das pessoas que trabalhavam ali, mas quando se viu no lixão percebeu a dimensão da história. Do quão era organizado, suas peculiaridades e viu a importância dos catadores. Que a escolha dos materiais a serem recolhidos se dava em uma espécie de “bolsa de valores”, os materiais mais valorizados pelas indústrias no momento são os recolhidos. Na medida em que ia fazendo o reconhecimento do local, foi conhecendo os trabalhadores, sua realidade e desejos. E começa, com a ajuda desses personagens escolhidos para as fotos, a conceber a ideia do trabalho selecionando material e um local para montá-lo. E a partir do envolvimento dos catadores no documentário foi que o artista começou a conhecer a fundo a história dos indivíduos, seus dramas pessoais e decidiu retratá-los de uma maneira sensível e forte no trabalho.
É impossível não nos envolvermos com aquelas histórias à medida que assistimos o documentário. Primeiro à distância, desconhecidos no meio da multidão de outros catadores, e depois os conhecendo, como o Zumbi que retira do lixo livros e sonha em construir uma biblioteca na comunidade, da moça que perdeu um filho depois de uma doença, foi abandonada pelo marido que levou a outra filha e sonha em deixar o lixão, da senhora que cozinha para os catadores. Impossível não se emocionar.
Percebemos que no decorrer do documentário, algo vai mudando entre eles, começando pelos catadores, que no inicio mostravam certa resignação a sua condição, passam por