Resenha do capítulo viii do livro o príncipe
Editora: Jardim Livros
Autor: Nicolau Maquiavel
A Dose da Crueldade
O livro “O Príncipe” de Nicolau Maquiavel (Florença, 3 de maio de 1469 — Florença, 21 de junho de 1527) traz orientações práticas de algumas ações políticas que um príncipe deve fazer para conquistar e se manter no poder. No capítulo VIII “Dos que alcançaram o principado por meios criminosos”, Maquiavel apresenta entre vários preceitos uma reflexão acerca da crueldade. Nicolau expõe uma distinção entre as crueldades bem empregadas e as crueldades mal empregadas. As crueldades bem empregadas são aquelas que são cometidas uma só vez por necessidade de segurança própria, sem insistência, mas sendo transformadas ao máximo possível em benefício dos súditos. As crueldades mal empregadas são aquelas que são poucas no início mas que se multiplicam com o passar do tempo, não cessam. Os que seguem o primeiro método podem remediar suas condições com a ajuda de Deus e dos homens; quanto aos outros, é impossível que se mantenham. Segundo Maquiavel, ao conquistar um Estado, o conquistador deve executar as crueldades de uma só vez para que não tenha de repeti-las e possa proporcionar segurança aos súditos e conquistá-los com alguns benefícios. Aquele que agir de outra maneira terá que conviver com a “espada na mão” e jamais poderá contar com seus súditos, pois devido as constantes perseguições, nunca lhe depositarão confiança. As perseguições devem ser realizadas de uma só vez, pois quanto menos são sentidas, menos ofendem. Já os benefícios devem ser concedidos gradativamente para que sejam melhor apreciados e para que não sejam entendidos como imposição de momento. Assim, como diz o famoso ditado “a diferença entre o remédio e o veneno está na dose”, a diferença entre a crueldade bem empregada que pode ser revertida em benefício para o conquistador e a crueldade mal empregada que pode levar à destruição de um principado está na dose utilizada. Esta é uma das muitas