Resenha de a grande transformação - karl polanyi

Karl Polanyi, em “A Grande Transformação”, nos mostra como um progresso econômico extremamente acelerado pode ter um custo social elevadíssimo. O alvo de sua análise é a Inglaterra do século XVIII, berço da Revolução Industrial. Tal evento, denominado “moinho satânico” pelo autor, desarticulou a tal ponto a sociedade que a população comum teve que conviver com as mais insalubres e precárias condições de vida, cada vez mais se degradando e desumanizando. Um exemplo era a grande quantidade de horas que os operários permaneciam nas fábricas, que os fazia trabalhar até a exaustão.

Porém tal progresso econômico não regulado que tem o custo de uma desarticulação social não é fato novo na história inglesa. Antes mesmo, a partir século XVI, fez-se presente a política dos cercamentos dos campos abertos, ou enclosures, que convertia terras aráveis produtivas das parcelas mais pobres da sociedade em pastagens com criação de ovelhas, cuja lã abastecia as manufaturas da época. Segundo Polanyi, os cercamentos podem ser considerados, de forma adequada, como uma revolução dos ricos contra os pobres, visto que os trabalhadores eram desapropriados de suas terras e deixados na incerteza se conseguiriam alguma outra função nas cidades ou se seriam mais homens e mulheres constituintes da mais nova multidão de mendigos dos centros urbanos. A sociedade inglesa teria vivenciado, provavelmente, piores consequências decorrentes dos enclosures se a regulamentação estatal dos Tudors e dos primeiros Stuarts não tivesse ocorrido. Tal intervenção fez o processo desenvolvimentista da época se adequar a um nível tal que as pessoas comuns não se sucumbissem tanto. Porém, diferentemente dos cercamentos, não houve qualquer ação a fim de se salvar a camada mais vulnerável da sociedade dos efeitos deletérios da Revolução Industrial.

Polanyi discorre posteriormente sobre as características de um mercado autorregulável, mas desde o inicio já frisa que o erro do liberalismo econômico foi sua