Resenha de psicanalise
(Clarice Lispector) Numa sociedade em que a medicalização do sofrimento psíquico torna-se cada dia mais intensa, vale refletir sobre o que é uma patologia psíquica e o que significa tratá-la, mesmo que a reflexão esteja na contramão das exigências de consumo dos diversos tratamentos .A psicanálise aposta numa outra maneira de tratamento psíquico que não o re-moralizando para um bem. Na verdade, trata do efeito que se produz na busca pelo estabelecimento de um ideal, sem postular um ideal. Ela trata de questões éticas, mas a partir de uma ética do desejo. Ao adotar o conceito de inconsciente, mostra essencialmente a inadaptação do homem ao mundo. Isto significa, conforme propõe Miller (1997a, b), que por princípio o analista não pode visar à adaptação, ao bem-estar, à regulação ou ao bom funcionamento psíquico. A A suposição do inconsciente torna incoerente que a psicanálise se situe do mesmo lado que as outras práticas psíquica. Na verdade, embora a psicanálise se relacione com o saber de sua época, ela não se filia epistemologicamente à psiquiatria ou à psicologia, fundando assim um novo lugar (GARCIA-ROZA, 2005, p.22). Isso nos leva à necessidade de refletir sobre uma lógica que permita propor uma terapêutica que não ocorra em prol da eliminação da doença. Ou seja, como conceituar saúde e doença a partir da hipótese do inconsciente? psicanálise é criada por Freud a partir de um problema A clínico: a dificuldade em estabelecer o que fazer com a histeria, categoria diagnóstica marcada pelas mais variadas manifestações fenomenológicas, sem que nenhuma afecção física pudesse ser indicada como causa. Surge, portanto, das dificuldades em caracterizar e tratar a doença mental catalogada sob o nome de histeria. A histeria levou Freud a perceber que nos sintomas buscava-se algo diferente daquilo que