Resenha de parte do livro “Brasil. Mito fundador e sociedade autoritária.”
1853 palavras
8 páginas
Um semióforo é um signo trazido à frente ou empunhado para indicar algo que significa alguma coisa cujo valor não é medido por sua materialidade, e sim, por sua força simbólica. É fecundo porque dele não param de brotar significados. É capaz de relacionar o visível e o invisível, e sua exposição realiza a significação e a existência dele. É celebrado em locais onde toda a sociedade possa comunicar-se, conservando e assegurando o sentimento de comunhão e unidade. Somos tentados a dizer que, no mundo capitalista, não se firmam, pois nada escapa da condição de mercadoria. Coisas heterogêneas perdem a singularidade e raridade. Entretanto, afirmando isso, esquecemos que um semióforo é, também, posse e propriedade daqueles que detém o poder para produzir e conservar um sistema de crenças ou sistema de instituições que lhes permite dominar um meio social. Nesse contexto a entrada da mercadoria e do dinheiro como mercadoria universal pode acontecer sem destruir os semióforos e com capacidade para fazer crescer a quantidade desses objetos especiais. A hierarquia religiosa, a hierarquia política e a hierarquia da riqueza passam a disputar a posse dos semióforos, bem como a capacidade de produzi-los. Os semióforos religiosos são particulares a cada crença, os das riquezas são propriedade privada, mas o patrimônio histórico-geográfico e artística é nacional. Para se sobrepor, o poder politico precisa construir um semióforo fundamental, o semióforo-matriz é a nação.
Antes da invenção da nação, como algo politico ou estado-nação, os termos políticos empregados eram “povo” e “pátria”. Pátria é o que pertence ao pai e está sob o seu poder. Se patrimônio é o que pertence ao pai, “patrício” é o que possui um pai nobre e livre, e “patriarcal” é a sociedade estruturada segundo o poder do pai. Esses termos designavam a divisão social das classes em que patrícios eram os senhores das terras me dos escravos, formando o senado romano, e o povo eram os homens livres plebeus. Os