Resenha de Livro
Confiando nos mais pobres, o indiano Muhammad Yunus mostra como é possível lucrar e ajudar na distribuição de renda.
Bangladesh é um país de 120 milhões de habitantes que está entre os mais pobres do mundo. Quarenta por cento do seu povo vive na mais absoluta miséria, o resto se agüenta. Ao endinheirados, donos do poder, constituem uma minoria ridícula em termos numéricos. A cada década desastres como inundação, ciclone ou terremoto deixa milhões de desabrigados. Porém, as catástrofes naturais que ocorrem nesse pequeno país asiático não chegam perto da fome que assombra os seus habitantes. Por causa da desnutrição, a média de peso e altura da população está diminuindo, e boa parte das crianças não chega nem a idade adulta. Além disso, um número incrível e assustador de pessoas vagas pelas ruas todos os dias em busca de comida e de um teto para passar a noite. Em Bangladesh não se vive, sobrevive-se.
Foi a partir desse cenário que o economista Muhammad teve uma idéia não apenas brilhante, mas revolucionária. Em 1974, logo após a terrível estiagem que se abateu sobre o país , Yunus era o chefe do departamento de economia na Universidade de Chittagong, um pequeno distrito no sudeste do país. Em suas aula, ele ensinava as teorias que se propunham a resolver os grandes problemas da humanidade, falava em milhões de dólares como se fosse nada. Fora da universidade a realidade era outra, bem mais cruel. Era impossível não ver os olhares famintos, que estavam por toda parte. O que separava essas pessoas da morte era apena um pouco de comida.
Yunus passou a ficar incomodado com a distância entre o conteúdo de suas aulas e a vida do lado de fora “Comecei a achar que as minhas aulas eram uma sala de cinema onde podíamos relaxar tranquilizados pela vitória certa do herói.(...) Mas a partir do momentos que saía da sala de aula me confrontava com o mundo real. Lá os heróis eram moídos de pancadas, selvagemente pisoteados”, conta no livro.