Resenha de Dissertação sobre a profissão de Jornalista de Portugal
O artigo analisa o processo de profissionalização dos jornalistas portugueses, em paralelo com as diferentes tendências socioprofissionais que se encontram inerentes, das quais se destacam os processos de desprofissionalização, proletarização e precarização.
Primeiramente, Portugal apresenta o paradigma jornalístico do Modelo Pluralista Polarizado graças ao seu sistema onde persiste uma fraca dinamização e circulação da imprensa e uma forte orientação da comunicação política. Neste cenário, o Estado sempre se assumiu como um ator bastante presente quer como financiador, regulador ou proprietário. Estas caraterísticas ajudam a esclarecer o baixo nível de profissionalização dos jornalistas. Isto é, num contexto onde predominam as pequenas tiragens e uma forte intervenção estatal, a profissionalização dos jornalistas desenvolveu-se morosamente e de forma incompleta, regulada determinantemente pelas instituições estatais.
Somando-se a isso, o advento da internet e a massificação dos meios digitais democratizados geraram um novo paradigma onde o consumidor passa a assumir um papel de produtor e coprodutor da informação jornalística e, ao mesmo tempo, o jornalista abdicou de parte da sua autonomia produtiva. Esta desintegração da identidade profissional do jornalista reflete-se ainda na introdução de novos atores na redação – como o designer e o publicitário –, com quem aquele passa a partilhar, não só o seu estatuto, mas também as suas funções. Assim, surge a tese da desprofissionalização do jornalista.
Nessa senda, surge também o fenômeno da proletarização dos profissionais dizendo que a evolução dos meios tecnológicos e a alteração do contexto laboral – sobretudo das condições de trabalho – geram um novo cânone onde aos profissionais são retirados os seus privilégios, aproximando-se, no campo das atitudes e valores, da esfera operária. Isso ocorre em duas etapas: Proletarização