Resenha de "Democracia e reforma da gestão pública" de Bresser-Pereira (p. 79-97)
O Estado socialdemocrático começou a ganhar espaço a partir dos anos 1930, que marcou a crise do Estado liberal-democrático. As novidades, a partir de então, seriam proteção social, poder político menos concentrado em uma elite, e opinião pública dando os primeiros passos para se tornar importante politicamente.
O economista Andrew Shonfield tem uma teoria para explicar porque o capitalismo escapou de ver seu fim na Grande Depressão de 30, e, ao contrário, passou a ser a mola de projeção do mundo ocidental. Suas características centrais permaneceram, mas o ritmo acelerado do progresso tecnológico e a busca do pleno emprego fez com que a nova realidade do capitalismo fosse sucesso. O autor identifica cinco diferenças relevantes após a II Guerra Mundial: aumento do poder público na administração do sistema econômico, freio às ações do mercado no setor privado, aumento da renda real per capita da população, busca da coerência intelectual na administração em grande escala, aumento do uso do dinheiro público para promoção do bem-estar social.
O Estado assume um papel cada vez maior, com o aumento do poder regulatório e da capacidade de criar impostos a fim de estimular o crescimento econômico e administrar os problemas sociais. Foi dessa forma que o Estado socialdemocrático tornou-se dominante entre os países desenvolvidos, fruto da crescente capacidade política da classe trabalhadora, especialmente da classe média, que exigia a garantia de seus direitos sociais por meio da proteção do Estado.
Contudo, não se deve pensar que o caminho percorrido foi em nome da justiça social, pois, de acordo com Bill Jordan (1996:122), em sua teoria da exclusão social, “do ponto de vista do sistema econômico mundial, no longo prazo, os Estados do bem-estar constituíram coalizões distributivas vitoriosas