Resenha de "Cândido ou o Otimismo"
Segundo Leibniz, “vivemos no melhor dos mundos possíveis”. A perfeição de Deus, afinal, garantia essa vantagem, pois Ele havia escolhido, dentre os mundos possíveis, o que melhor espelhava sua perfeição, por uma necessidade moral. Quanto à existência do mal, o filósofo afirmava que este estava dividido em três tipos: o mal metafísico, que deriva da finitude, do que não é Deus; o mal moral, que advém do homem, não de Deus (o pecado); e o mal físico, os quais Deus o faz para evitar males maiores, para corrigir. Voltaire, por outro lado, não compartilhava do mesmo ponto de vista positivo. Com muita ironia e pessimismo; escreve, portanto, o relato tragicômico da vida do ingênuo Cândido, alienado pelas ideias de seu mestre Pangloss; fazendo uma prosa sarcástica, cortante, ácida e elegante: uma sátira às idéias de Leibniz. O romance começa com Cândido sendo expulso do castelo na Vestfália, onde morava, por se apaixonar por Cunegundes, a filha do Barão de Thunder-ten-Tronckh. Deixou então no castelo, além de sua amada, o preceptor Pangloss, o melhor dos filósofos possíveis, a quem devia toda a sua educação e conhecimento. A partir de então, exilado de tudo aquilo a que chamava felicidade, o protagonista passa por uma série de terríveis acontecimentos, como terremotos, naufrágios, mortes, roubos, condenações. Todas as sofridas passagens contrapõem-se nitidamente aos ensinamentos de Pangloss, representando na história o próprio Leibniz, que defendia com convicção a teoria do melhor dos mundos possíveis. Além de viver diversas situações lamentáveis de perdas e injustiças, Cândido ainda se depara com diversas personalidades,