Resenha de Carr - Vinte anos de crise (caps 3 e 4)
Após a Segunda Guerra Mundial, o pensamento liberal “utópico” (chamado assim pelos outros teóricos, principalmente realistas) não podia suportar mais o panorama internacional. Nesse contexto, avançam as ideias realistas. E é nesse panorama que situamos a obra de Edward Hallet Carr, “Vinte Anos de Crise”(1946). Com destaque para os capítulos 3 e 4 dessa obra, Carr critica a teoria “utópica”(assim chamada por ele) e suas hipóteses, muito utilizadas no período entre-guerras, e ainda, como base para a criação da Liga das Nações. Carr critica o pensamento racional-liberal, a opinião pública como meio de tomada de decisão e a “harmonia de interesses”, pois todos são deveras gerais e amplos demais para serem aplicados em todos os contextos e todos os Estados. Carr, chamado de realista “utópico”, e com o seu trabalho, ajudou a separar sua corrente de pensamento da dos liberais. Foi formado pela Universidade de Cambridge, participou da Conferência de Paz em Paris, após a Primeira Guerra, e trabalhou no jornal Times durante a Segunda Guerra. Esses fatos só fortalecem a exímia visão política que Carr demonstra em sua obra aqui destacada, criticando inclusive os pensamentos de Woodrow Wilson e Norman Angell, liberais famosos. Assim, Carr começa demonstrando como o pensamento Iluminista influenciou muito os liberais e suas tomadas de decisões: o pensamento racional permitiu que, principalmente no século XIX, a opinião pública ganhasse força nas tomadas de decisões. Mesmo sendo contestado por algumas teorias diversas, o vitorianismo e Woodrow Wilson (um dos principais teóricos políticos do liberalismo) fortaleceram aquelas hipóteses após a Grande Guerra e criaram a Liga das Nações, pautada naqueles pretextos. Porém Carr, habilmente, logo percebe que um grupo de Estados, muito diversos, não seria pautado universalmente por uma teoria pouco prática. O contexto é muito variável, assim como as