RESENHA DE ANTÍGONA
SÓFOCLES, A Trilogia Tebana. Jorge Zahar Editora. Rio de Janeiro, 2001, 9ª edição.
Dados Bibliográficos
Sófocles nasceu por volta de 496 a.C. na pequena localidade de Colono (subúrbio), nas mediações de Atenas. Morreu aos noventa anos e a imagem que deixou foi a de uma existência sem conflitos e dificuldades. Por vinte e quatro vezes foi vencedor dos concursos dramáticos, derrotando o próprio Ésquilo, o mais velho vencedor dos três grandes tragediógrafos da Grécia clássica. Sófocles compôs aproximadamente cento e vinte e três peças teatrais. Dessa vasta produção chegaram até nossos dias sete tragédias completas (Aias, Antígona, Édipo Rei, Traquínias, Electra, Filoctetes e Édipo em Colono).
Contexto
No texto Antígona, Sófocles desenvolve uma montagem com diversas ideias, que ao longo do texto vão se completando e formando uma estrutura coerente. A ideia inicial, da qual Sófocles parte, é a maldição de Édipo, que, por perder o trono, deixará o poder de Tebas nas mãos de Creonte. A maldição é lançada sobre Édipo por desposar (sem o saber) Jocasta, sua mãe, após ter descoberto o enigma da Esfinge e se tornado rei de Tebas, sendo duplamente culpado (por ter matado o pai e por ter casado com a mãe), provocando a ira dos deuses tanto contra si, como contra Tebas. Para tentar se redimir, Édipo abandona o trono e arranca os próprios olhos, vagando cego pelo mundo. Mesmo se autopunindo, Édipo não conseguiu evitar que sua maldição chegasse a seus quatro filhos: Ismena, Antígona, Etéocles e Polinice. A peça segue um caminho que leva ao conflito entre as leis divinas e as leis dos homens, assim como o ingresso da democracia na vida cotidiana do grego e o fim das tiranias. A personagem Antígona, juntamente com o seu tio e rei de Tebas, Creonte, são o centro dessa discussão, cada um mantendo seu ponto de vista e seus valores e assumindo posições bem definidas que desencadearão toda a sequência lógica da trama. É seguindo este delineamento que