Resenha crítica "lixo extraordinário"
Extraordinário:
Em 2009 é lançado o documentário “Lixo Extraordinário” sob a direção do artista plástico brasileiro Vik Muniz. Nele, o cotidiano do maior aterro sanitário em descarregamento no mundo, localizado no Jardim Gramacho, bairro periférico de Duque de Caxias, é visto sob outra perspectiva através da arte iconográfica. Com imagens aéreas e de plano geral, a grandiosidade do descarte de resíduos sólidos é exposta, equivalente ao espaço de uma cidade de 400 mil habitantes. As imagens aproximam os espectadores das emoções dos moradores da região, tornando a empatia inevitável. Tamanha qualidade levou o filme a ser Indicado ao Oscar como Melhor Documentário em 2011 e premiado no Festival de Sundance e no Festival de Berlim.
Desempenhando papel de grande importância ambiental, os catadores de material reciclável diariamente coletavam em torno de 200 toneladas de resíduos no Rio de Janeiro que, assim, tomavam outro destino. No decorrer das filmagens, os participantes da realidade do Jardim Gramacho falam sobre a dignidade de seu trabalho e se mostram opostos a uma vida marginalizada. Fica exposto ao espectador o caos do consumo capitalista onde o descarte de produtos em perfeito estado é feito sem consciência de desigualdade social.
Valter dos Santos, personagem que ganha destaque no decorrer das filmagens, deixa uma lição sobre o meio ambiente e consciência ética. Orgulhosamente se apresentando como catador, ele afirma tentar explanar as pessoas sobre o que é lixo orgânico e seco. Com o lema “99 não é 100” deixa claro o quão importante é a participação de cada um para a preservação ambiental, ressaltando o valor de uma atitude mínima como o descarte correto de uma lata de alumínio.
Exemplo de cidadania no aterro, “Zumbi” é ícone por construir um acervo literário em sua casa dedicado à comunidade com livros que seriam inutilizados. Semelhante no cuidado com o meio social em que vive, Sebastião, presidente da Associação dos Catadores do Aterro