Resenha crítica livro dois irmãos
Conflito familiar entre ‘dois irmãos’
Gabriela Schlindwein[1]
Dois irmãos é a história de como se constroem as relações de identidade e diferença na casa da família Reinoso. O lugar da família se estende ao espaço de Manaus, o porto à margem do rio Negro: a cidade e o rio, metáforas das ruínas e da passagem do tempo, acompanham o andamento do drama familiar. Sempre no último sábado de cada mês, na casa dos Reinoso, havia sessão de cinema para a vizinhança. As crianças vestiam suas melhores roupas, os gêmeos, Yaqub e Omar saíam iguais acompanhados da empregada da família, Domingas. Lívia, sobrinha dos Reinoso, estava atraída pelos irmãos. Omar, o mais desinibido, a convidou para passear, mas ela não quis, pois se sentia mais atraída por Yaqub. Omar fazia planos em sua mente, para depois do filme sair com Lívia. Como o dia estava nublado, uma pane no gerador apagou as imagens e a plateia viu os lábios de Lívia juntos no rosto de Yaqub. Enciumado, Omar estourou uma garrafa no rosto do irmão, que estava coberto de sangue. Após isto, ficou marcada a cicatriz para sempre no rosto de Yaqub, que foi levado a separar-se da família indo morar no Líbano, terra natal de seus pais, Halim e Zana. Halim queria que Omar também fosse, mas sua esposa, Zana não queria separar-se do filho caçula.
“Yaqub e Omar nasceram dois anos depois da chegada de Domingas à casa. Nasceram em casa, e Omar uns poucos minutos depois. O Caçula. O que adoeceu muito nos primeiros meses de vida. E também um pouco mais escuro e cabeludo que o outro. Cresceu cercado por um zelo excessivo, um mimo doentio da mãe, que via na compleição[2] frágil do filho a morte eminente.” (HATOUM, 2000, p.66-67)
Hatoum[3] relata que Zana tem tanto zelo pelo Caçula, porque era um bebê doente e que por muito pouco não morreu de pneumonia.
“Os filhos haviam se intrometido