Resenha Crítica do Livro "O normal e o patológico"
Lea Carla Oliveira Belo.
Inicialmente o livro “O normal e o patológico” de Georges Canguilhem nos traz à discussão as duas principais vertentes sobre a saude, discorrendo em busca da resposta para sua indagação expressa na frase: Seria o estado patológico apenas uma modificação quantitativa do estado normal? À principio as questões levantadas são de ordem histórica pelas quais o autor explica as razões para o desenvolvimento das duas concepções do pensamento médico que oscilam até hoje entre as representações da doença, são elas: a teoria ontológica e a teoria dinamista ou funcional.
A medicina grega, nos escritos e práticas hipocráticas deixa de acreditar numa concepção ontológica da doença totalizando-a na sua completude. Os humores (quente, frio, úmido e seco) são aí lembrados como responsáveis pelo equilíbrio no homem e sua variação é que ocasionaria a doença (como visto também em Foucault, em “a transcendência do delírio). Contudo, para explicitar o ponto em comum entre as duas teorias ele afirma que: “A doença não é somente desequilíbrio ou desarmonia; ela é também, e talvez sobretudo, o esforço que a natureza exerce no homem para obter um novo equilíbrio. A doença é uma reação generalizada com intenção de cura”.
(CANGUILHEM, 2010)
A leitura desta tese de doutorado, que acabou tornando-se livro, nos permite refletir criticamente sobre muitas das contradições de teóricos como A. Comte e Claude
Bernard, principalmente este último que apesar da contribuição inestimável e inefável sobre a descoberta do açúcar no organismo humano ser produto do próprio organismo e não da alimentação como se pensara anteriormente; ele não avaliou o grau de implicações que a ambiguidade em sua teoria traria, no que limitaria o próprio crescimento da ciência pelo qual assumiu a postura de cientista objetivado apenas na busca pela verdade.
É também a partir do conhecimento tácito das incoerências teóricas