Resenha Crítica do documentário Migrantes
O documentário ‘‘Migrante’’ (2007) dirigido por Beto Novaes, Francisco Alves e Cleisson Vidal, é resultado de uma parceria entre quatro universidades federais brasileiras (UFSCar, UFRJ, UFPI e UFMA) e tem como objetivo retratar a dura realidade dos migrantes nordestinos que vão trabalhar nos canaviais paulistas. Nordestinos de Francinópolis e Barras no Piauí, de Codó no Maranhão e de outros estados têm que deixar seus lugares de origem em busca de oportunidades para o sustento de suas famílias. Segundo eles, não é por opção e sim por necessidade. Os grandes fazendeiros cercam as terras, expulsam os moradores e não permitem que ninguém produza, mesmo não as utilizando. A migração é uma consequência desse fato. As famílias são destroçadas, nas cidades, ficam apenas os aposentados, mulheres e crianças. Nos relatos mostrados no documentário, percebe-se a dor, a saudade e a tristeza das esposas que permanecem nas cidades. Elas dizem que não compensa ir para São Paulo, pois os salários são baixos, então vão apenas seus maridos. Os homens partem para São Paulo em março, quando se inicia a safra da cana. Alguns vão por conta própria e outros são buscados por ônibus mandados pela firma. Segundo as esposas dos trabalhadores, mesmo com contrato assinado eles ficam um tempo em São Paulo sem trabalhar e depois ainda têm que pagar a passagem. Nos canaviais, os homens vivem uma realidade dura, são submetidos à condições de trabalho sub-humanas, o ritmo é muito intenso e faz com que alcancem o limite de suas capacidades físicas. Eles têm quota para bater, precisam cortar no mínimo dez toneladas de cana por dia, se não, perdem o emprego. A necessidade de cortar cana e o esforço feito para isso faz com que muitos trabalhadores morram ou percam precocemente a capacidade de trabalho. Dezembro é o final da safra da cana, é quando os trabalhadores exauridos podem voltar às suas casas. Depois de longos meses trabalhando