Resenha Crítica do curta Nosso Livro - Nas Estantes da Vida
Raiva ou agonia, não sei qual das duas sensações mais tomou conta de mim quando aquele sujeito “estraga prazeres” se mete no romance dos amantes literários e por pouco não destrói a linda relação que se formara entre duas pessoas que encontraram devido a sua paixão compartilhada pelos livros, o veículo que proporcionou a ligação entre as ideias e os gostos de dois desconhecidos, o amor. O roteiro do curta “Nosso Livro” (Escola de Cinema Darcy Ribeiro, 2005) de Catalina Jordán Cruz, Claudia Rabelo Lobes e Leandro Matos, dirigido por Claudia Rabelo Lopez e Luciana Alcaraz, traz a linda história de dois frequentadores de uma biblioteca, Roberto (Marcos Caruzo) e
Isabel (Vera Holtz), que trocando bilhetes deixadas em livros, descobrem a semelhança que existe entre ambos e acabam por se apaixonar um pelo outro. O curta acaba com o encontro dos dois, depois de se verem desolados por conta daquele já citado “estraga prazeres”, com Roberto recitando o poema que dá nome ao título do curta (Nosso Livro), da poetisa portuguesa Florbela Espanca, deixado em um bilhete por Isabel. Há quase uma década atrás, quando o curta foi lançando, ainda não era tão grande a veiculação dos livros digitais como na atualidade, porém esse mercado digital já vinha em crescente. Uma história como essa nos mostra o valor do livro físico que cada vez está mais longe das mãos dos leitores. É claro que essa revolução digital traz inúmeras vantagens, e provavelmente os seus prós até superem os seus contras, porém as pessoas estão deixando a sua vida virtual e digital sobrepor a sua real e palpável vida. A cada dia, tornam-se mais raros os “bom-dias” e os “boa-tardes”. Enquanto somos tomados como reféns por nossos smartphones e computadores, deixamos de conhecer novas pessoas e de sentir novas experiências que só podem acontecer no convívio em sociedade no mundo terreno. O curta aborda com ternura e até com um pouco de ironia essa questão, já que a paixão