Resenha crítica de Macunaíma
Como se trata de uma coletânea de várias histórias, o leitor pode ficar um tanto confuso com a narrativa sem uma sequência lógica e cronológica. Por exemplo, o protagonista morre duas vezes durante a obra. E também se pode perceber uma mudança constante no espaço, ele estando em um lugar em um trecho, algumas linhas depois já aparece em outro lugar. O tempo e o espaço não aparecem bem definidos no decorrer da obra.
É uma obra de caráter nacionalista, pois visa retratar a realidade brasileira e suas singularidades. Mário tenta retratar a figura do herói com defeito (ou o anti-herói), isso pra enfatizar a falta de escrúpulos da sociedade brasileira, misturando mitos fantásticos e crendices populares no decorrer de toda a obra.
Mário de Andrade classificou seu texto como uma rapsódia, devido à sua semelhança com uma rapsódia musical, que mistura ritmos populares e temas livres na composição. Mas também pode ser considerado um romance devido ao conceito do mesmo ter um herói central em que os acontecimentos giram ao seu redor, como as epopéias medievais. Que não seja esquecida a linguagem poética e cheia de metáforas presente no texto, como na passagem:
“Não tinham nem mesmo umbu no bairro e Vei, a Sol, esfiapando por entre a folhagem guascava sem parada o lombo dos andarengos. Suavam como numa pajelança em que todos tivessem besuntado o corpo com azeite de piquiá, marchavam. De repente Macunaíma parou riscando a noite do silêncio com um gesto imenso de alerta. Os outros estacaram. Não se