Resenha crítica Arqueologia da violência
A DEFICIÊNCIA DO DIFERENTE
CLASTRES, Pierre. “Do etnocídio”. In: Arqueologia da violência – pesquisas de antropologia política. SP, Cosac Naify, 2004.
Pierre Clastres (1934 – 1977) foi importante antropólogo e etnógrafo francês da segunda metade do século XX. Realizou seus estudos de filosofia em Sorbonne, formando-se em 1957. Durante os anos de licenciatura, começou a interessar-se pelos estudos etnológicos, seguindo os cursos de Lévi-Strauss no Collège de France a partir de 1960. Em 1963, vive sua primeira experiência de campo entre os Guayaki no Paraguai, onde permanece cerca de um ano. Em 1965, defende sua tese de doutorado La Vie sociale d'une tribu nômade: les Indiens Guayaki du Paraguay, em Sorbonne, e leciona no antigo Departamento de Ciências Sociais da USP, em São Paulo. Nos anos seguintes, volta à América do Sul para pesquisas mais curtas: entre os Guarani, em 1965 e 1966, e entre os Chulupi, em 1966 e 1968, experiências no Chaco paraguaio que resultaram na maior parte dos escritos reunidos em A sociedade contra o Estado [1974] e nos livros A fala sagrada [1974] e Mythologie des Indiens Chulupi [1992]. Nos anos 70, Clastres volta ao campo, viaja à Amazônia venezuelana, de 1970 a 1971, entre os Yanomami, e visita os Guarani do Estado de São Paulo, em 1974. Seus estudos nesse período são postumamente publicados no volume Arqueologia da violência — pesquisas em antropologia política [1980].
No capítulo IV Do Etnocídio da obra Arqueologia da violência, Pierre Castres descreve as definições de genocídio e etnocídio, distinguindo os dois conceitos.
Segundo o autor, o termo genocídio remete à ideia de raça e ao desejo de exterminar um povo, como aconteceu na Alemanha, com a dizimação dos judeus europeus pelos nazistas. Já o etnocídio, remete à destruição da cultura, dos costumes e crenças. Esse termo surgiu para descrever a aniquilação cultural indígena na América do Sul.
Clastres aborda o