RESENHA CRITICA
O filme tem início no deserto do Kalahari, no Botswana, junto à África do
Sul, numa pacata e semidesértica paisagem, coberta por uma vegetação arbórea esparsa, mostrando uma cena da vida quotidiana de um grupo de bosquímanos que decorre calmamente.
Sobrevoando esse local, um avião, de onde um dos seus tripulantes lança, inadvertidamente, uma garrafa de Coca Cola - daquelas de vidro, bojudas no meio e estreitas no gargalo e com as letras da marca bem impressas - símbolo universal da moderna civilização de consumo deste final de século.
De início, a garrafa faz as delícias das crianças e dos adultos: apreciam-na, viram-na, reviram-na, inventam-lhe múltiplas e variadas utilidades para o seu uso, e divertem-se com a sua presença. No entanto, passado algum tempo, esta simples e inofensiva garrafa de Coca-Cola começa a ser disputada e a tornarse alvo de sérias contendas no seio do grupo, despertando sentimentos de posse e invejas.
É, nesta altura, que entra em ação o chefe da tribo, homem sábio e diligente, movido por um genuíno interesse em resolver a discórdia criada pela introdução desse objeto estranho, meio natural/meio artificial, na vida sossegada desse grupo. Porque motivo teria sido este objeto lançado dos
"céus"? Porventura, teria sido um ato não intencionado, um descuido por parte dos "deuses"! Só assim seria possível entender este fato inesperado. Haveria, pois, que tomar uma resolução que pusesse termo às discórdias e conflitos suscitados pelo o objeto ou "Coisa má", como o designavam.
Num rasgo de intuição, o chefe decide ir, pessoalmente, entregar o objeto da discórdia aos "deuses" supremos, de onde com toda a certeza viera, não se sabe por que, nem como, mesmo que para isso tenha que atravessar o deserto e arriscar a própria vida. Está, pois, tomada a decisão e criado o argumento que irá sustentar a ação do filme.
O filme narra, então, a epopeia dessa longa e conturbada viagem do chefe
bosquímano,