Resenha Critica Recife Frio
Produzido e dirigido por Kleber Mendonça Filho, o curta-metragem Recife Frio é uma ficção. E se inicia sob uma conotação: Recife, a Capital de Pernambuco, considerada uma das cidades mais quentes do Brasil, está fria. O filme funciona como um documentário (forjado), explica como uma onda de frio misteriosa tomou conta da cidade do Recife mudando todo o cotidiano de pessoas, animais e da própria paisagem, e faz Recife perder os seus atrativos turísticos. Recife não é mais uma cidade tropical, passa oito meses do ano debaixo de chuva, em uma temperatura que varia entre 20 e 5 graus célsius. Desde aparições de pinguins na costa até a adaptação dos cidadãos às baixas temperaturas, a obra mostra, com bom humor, todos os fatos que se seguiram ao fenômeno climático.
A começar pelos personagens: Um narrador, um artesão, um papai Noel, uma empregada doméstica, um francês do sol. São todos "um" qualquer que compõe aquele cenário. Para ironizar, o falso documentário é narrado por um argentino. A ideia é simples: como seria a cidade do Recife se de repente ela deixasse de ser uma cidade tropical e a temperatura fosse tão baixa? O autor faz um filme repleto de sarcasmo com a capital pernambucana. Brinca com seus habitantes, hábitos, e com sua arquitetura, esboçando uma defesa de suas construções e de seu traçado que vem sendo aos poucos devastado pela especulação imobiliária. Ironiza também as relações sociais estabelecidas e as imagens iguais as que Recife é vendida para o mundo afora.
O francês do sol é o estrangeiro que vem para o Brasil explorar as riquezas naturais daqui. A pousada que "vende" sol, mesmo quando está chovendo. A forma como ele lamenta que a notícia tornou uma reportagem internacional e por isso ele não pode mais "enganar" seus clientes, é ótima. O papai Noel representa nossas tradições de copiar o estrangeiro, única pessoa que ficou feliz com o frio. Agora no Natal, ele não precisa mais passar mal com o