Resenha Critica Do Livro o Monge e o Executivo
José Luiz Fiorin
Kiakudikila, kiazanga...
(O que se mistura separa)*
Luandino Vieira
... Le cose tutte quante
Hann’ordine tra loro; e questo è forma
Che l’universo a Dio fa simigliante.
Dante, Paraíso, I, 103-105
*
(VIEIRA, José Luandino.
Lourentinho, Dona Antónia de Sousa Neto & eu. Estórias.
Luanda: Edições Maianga,
2004: 60.)
A multiformidade e a heterogeneidade da linguagem
A linguagem é onipresente na vida de todos os homens. Cerca-nos desde o despertar da consciência, ainda no berço; segue-nos durante toda a nossa vida, em todos os nossos atos, e acompanhanos até na hora da morte. Sem ela, não se pode organizar o mundo do trabalho, pois é ela que permite a cooperação entre os seres humanos e a troca de informações e experiências. Sem ela, o homem não pode conhecer-se nem conhecer o mundo. Sem ela não se exerce a cidadania, porque ela possibilita influenciar e ser influenciado. Sem ela não se pode aprender. Sem ela não se podem expressar sentimentos. Sem ela, não se podem imaginar outras realidades, construir utopias e sonhos. Sem ela não se pode falar do que é nem do que poderia ser.
A linguagem é objeto de estudo de várias disciplinas. A lingüística, por exemplo, tem por finalidade a explicação dos mecanismos da linguagem por meio da descrição das diferentes línguas faladas no mundo.
Todas as línguas têm em comum certas propriedades e características universais, que definem o que é inerente à natureza mesma da linguagem. Através da extraordinária diversidade das línguas do mundo, hoje se busca a unidade da linguagem humana, aquilo que faz sua especificidade em relação aos códigos não humanos.
A busca de uma origem única das línguas, o mito da torre de Babel, que seria responsável pela diversidade lingüística, a nostalgia do paraíso perdido onde se falava uma só língua, é isso que está na base, no plano mítico, da pesquisa contemporânea dos universais
ALEA
VOLUME 10
NÚMERO 1
JANEIRO-JUNHO