Resenha critica de lenin e as invasões bárbaras
Gisela G. S. Castro Doutora em Comunicação e Cultura (ECO/UFRJ), pesquisadora do Núcleo de Pesquisa em Comunicação e Práticas de Consumo ESPM-SP. Email: gcastro@espm.br
Tendo chegado quase que simultaneamente às telas brasileiras e recémlançados em DVD, As Invasões Bárbaras1 e Adeus, Lênin! 2 tematizam de maneiras bastante distintas as transformações experimentadas com a queda do muro de Berlim, o desmantelamento da União Soviética e a ascensão hegemônica do capitalismo globalizado. Os filmes têm ainda em comum o fato de trazerem como protagonistas filhos lidando com seus respectivos pai e mãe gravemente enfermos. A presença das duas gerações marca metaforicamente a passagem de um estágio a outro da história recente.
Lançamento Imagem Filmes
crítica
1. AS INVASÕES bárbaras (Les Invasions Barbares). Direção: Denys Arcand. Canadá, 2003. 1 DVD (99 min.). 2. ADEUS, Lênin! (Good bye, Lenin!). Direção: Wolf gang Becker. Alemanha, 2003. 1 DVD (118 min).
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comunicação
& educação
• Ano
X
• Número
3
• set/dez 2005
A pertinência dessa temática na cultura contemporânea e a relativa escassez de obras cinematográficas a respeito me levam a tomar os dois filmes em conjunto. Ao tecer comparações entre uma e outra obra, pretendo analisar diferentes abordagens da experiência cultural em questão. Sucesso de bilheteria, vencedor do Oscar de melhor filme estrangeiro em 2004, além de premiado em Cannes (melhor atriz/2003, Marie-Josée Croze), o filme canadense retrata em tom niilista um mundo em que a cultura parece não fazer mais sentido. Já o filme alemão, erroneamente rotulado como comédia ligeira, oferece um tocante relato sobre os acontecimentos que marcaram o fim da República Democrática Alemã, narrado com leveza através de uma fábula metafórica. Os filmes divergem radicalmente quanto ao tratamento dado aos personagens e às referências históricas. Examinando