Resenha - conversa sobre terapia
Bilê Tatit Sapienza
“Conversa sobre terapia” situa no campo da simples compreensão aquilo que se entende por terapia fenomenológica – aquela que trabalha diante da existência do paciente, o fenômeno que este é. E, assim sendo, a utilização de uma teoria específica, sugere que esta existência se limite ao estudo dos fatos. Entretanto, sem ignorar o conhecimento acumulado pela psicologia, Sapienza coloca como fator imprescindível ao bom desenvolvimento deste processo terapêutico fundamentado na fenomenologia, a relação que existe entre o terapeuta e o seu paciente, baseada no respeito por aquele ser que vivencia de forma única sua existência: o “ser-no-mundo”. A terapia com base fenomenológica foge aos padrões deterministas. Ela é livre. Existe mediante uma história que é posta aos ouvidos daquele que está para compreendê-la, aquele que possibilita ao paciente a visualização da sua vida. Ao terapeuta, sessão por sessão cabe o papel de ouvinte atento: sem deduções e julgamentos. Deve aliar-se ao tempo. Deve propiciar ao paciente um olhar diferente sobre sua existência. Os pedaços se articulam, se unem para estruturar aquela história particular, história esta que não se repetirá em hipótese alguma porque é única. Esta história é ditada através daquilo que o narrador percebe como real e é esta realidade que será manuseada; a percepção singular de um ser singular; e, por intermédio dela estará aberto o espaço para que ele explore as possibilidades, caminhe em outras direções, modifique sua realidade. Cabe aqui comentar: esquadrinhar sua existência pode ser doloroso, entretanto é neste lugar que o paciente se sente acolhido. É na terapia o lugar onde ele pode manifestar todos seus sentimentos. É a terapia que cuida dessa existência que está em sofrimento. Existência essa que é resultado da interação com o mundo (um não antecede o outro), deste “poder ser” que nem sempre estará refletindo aquilo que é almejado. Neste caso, o