Resenha; Confissão da Leoa
António Emílio Leite Couto (Mia Couto) nasceu em Beira, Sofala, Moçambique, no ano de 1955. Sua primeira formação acadêmica foi em Biologia, mas também se dedicando ao estudo da medicina. Possuiu participação em partidos como a FRELIMO (Frente de Libertação de Moçambique), partido qual teve destaque na luta pela independência de Moçambique. Dedicou-se também a atividade jornalística, tendo como experiência diversos veículos de comunicação, dedicação essa que permaneceu vinculada durante atividades dispersas em jornais, rádio e televisão. Tornou-se um renomado escritor, ganhando destaque nacional e internacional e, consequentemente, foi destaque em importantes premiações literárias pelo globo. Em 1999 recebeu o prêmio Vergílio Ferreira pelo conjunto de sua obra, e em 2007 o prêmio União Latina de Literaturas Românicas. Dele, a Companhia das Letras publicou, entre outros, “Antes de nascer o mundo”, “O último voo do flamingo” e “Terra sonâmbula”, considerado um dos dez melhores livros africanos do século XX.
Na obra “A Confissão da Leoa”, Mia Couto retrata com maestria poética uma experiência em que viveu, transformando-a em um importante elemento que possui a intenção de alertar sobre as condições de determinadas tribos africanas, fazendo assim uso de aspectos culturais que o cercam como caminho para sua real compreensão. A obra é dividida em duas narrativas, o primeiro se dá ao fato narrado pelo caçador Arcanjo Baleiro que traz consigo uma gama de traumas ocasionado devido sua infância, caçador por tradição familiar, é contratado por uma empresa para cumprir a tarefa de caçar os leões que vem dizimando pessoas da vila de Kulamani. A outra narradora é Mariamar Mpepe, personagem que possui um conflito existencial devido sua experiência familiar, principalmente no que se refere à ausência da figura materna e a inexistência da figura paterna. A obra gira em torno de ambos narradores, que anos