Resenha Ci ncias Politicas
Brasil: de Getúlio a Castello – Thomas E. Skidmore
As instituições nacionais, que em um Estado democrático saudável seriam sólidas e invioláveis, ficaram outra vez à vontade de personalidades instáveis e das temerárias ambições dos “donos do poder” - e daqueles que desejavam o poder. O autor dedica a trazer à tona os sucessivos equívocos nas tomadas de decisão dos governantes, os delicados bailados em acordos de bastidor, e o pavor provocado, em parcela da “sociedade civil”, pela ameaça das “esquerdas radicais” personificadas em Leonel de Moura Brizola (1922-2004). Havia, por assim dizer, cinco atores principais no elenco dessa trama. Eram quatro homens e uma instituição: Jânio, Jango, Brizola, Lacerda e as Forças Armadas. Cada qual representando uma gama de interesses políticos, privados e corporativos.
A polêmica formou-se a partir de um rompante do presidente democraticamente eleito do país (Jânio Quadros), que supunha possuir um magnetismo pessoal maior do que de fato tinha. Receoso das “forças terríveis”, Jânio redigiu uma carta renúncia que foi aceita pelo Congresso Nacional sem maiores problemas. Jânio assim deixou para trás um imenso problema. O vice-presidente eleito (as eleições para presidente e vice corriam em paralelo naqueles tempos) não gozava de prestígio com as elites, afinal era herdeiro político de Getúlio Vargas (1882- 1954) e circulava bem entre as esquerdas.
Fragilizado institucionalmente, o Brasil parecia incapaz de fazer cumprir a própria legislação e empossar Jango.
Além disso, em viagem diplomática à China comunista, João Goulart estava impossibilitado de tomar à frente da transição. Segundo Skidmore, “surgiu uma luta entre ministros militares, que se opunham a posse de Jango, e os que apoiavam a legalidade. Constituiam estes últimos militares, políticos e homens públicos” (pg.255)
Thomas Skidmore é direto ao apontar qual foi o pecado capital de João Goulart: abrir mão de mobilizar os “centristas” de espírito