Resenha Casa Grande e Senzala
É bom que se leve em conta algumas coisas antes de iniciar a leitura deste clássico da história brasileira.
A primeira delas é a conjuntura mundial do momento em que Freyre viveu e pesquisou: No início do século XX o objetivo principal das pesquisas de todas as ciências é evidenciar a hierarquia racial, partindo da supremacia ariana até a marginalidade das raças negras. É no momento que Freyre escreve este livro que os discursos de Hitler atraem mais e mais ouvintes. Lembre-se então que Freyre (e nem Monteiro Lobato) não é preconceituoso no sentido que a palavra possui hoje. Na época em que viveram, estava em sintonia com os grandes pensadores do mundo todo.
A segunda conjuntura é a nacional: Vargas assume a presidência do Brasil e começa a incentivar que se criem sólidas bases nacionalistas. Para que haja nacionalismo, é pressuposto que haja identificação com a nação. Vargas inicia o árduo trabalho de inserção da cultura negra como parte da cultura nacional (o que era até então negado), o Brasil deixa de ser do Índio e do Português apenas para o ser também do Negro. O samba passa a ser exemplo da cultura nacional, a feijoada passa a ser prato típico, a mulata passa a ser símbolo de beleza e a capoeira passa a ser o orgulho nacional. Esta obra é parte deste processo.
Capítulo 1 - Características erais da colonização portuguesa no Brasil: formação de uma sociedade agrária, escravocrata e híbrida.
Freyre inicia o capítulo fundamentando, com base nas teorias raciais predominantes de seu período, o sucesso da colonização do Brasil, de clima tropical, pelo português. O autor defende ser o português, de toda a Europa, o único povo capaz de se adaptar ao clima tropical sem "degeneração da raça", diferentemente do ariano.
O autor trata também da sensualidade portuguesa, do fetiche em relação à mulher bronzeada, como a muçulmana que ocupou durante tantos anos Portugal o que levou o português a sentir a mesma atração pela índia brasileira