Resenha Casa-grande & Senzala- Gilberto Freyre
Do ponto de vista literal, Casa Grande & Senzala está dividido em 5 capítulos que tratam na sua essência da colonização portuguesa no Brasil, da sociedade agrária e escravocrata que se formou, de como o índio, o negro e português contribuíram para este Brasil que conhecemos. Ainda que a teoria de Freyre apresente muitas lacunas e tenha (e ainda tem) provocado grande controvérsia no debate acadêmico, é impossível negar a grandiosidade de Casa Grande & Senzala para a literatura brasileira. Poucos ensaios foram capazes de apresentar o cotidiano do Brasil Rural do início do século XIX.
Casa Grande e Senzala foi lançado em 1933, período em que o Brasil passava por transformações significativas que tiveram seu início em 1930. A sociedade presenciava uma centralização administrativa que alterava o lugar dos grupos de poder local e regional, acompanhados da urbanização e da reestruturação da família e de suas moradias. E Freyre demonstra todo seu conservadorismo em relação à essa situação. É preciso notar que Gilberto Freyre desenvolve Casa Grande & Senzala com uma perspectiva a partir da sua posição de homem branco e senhor. Ainda que ele tenha enaltecido a presença do Negro, sua nostalgia pela cultura patriarcal transparece sua posição social, pois este tempo foi muito difícil para a maioria dos brasileiros, principalmente para o Negro. Ele defende que a Casa Grande foi o centro de coesão da sociedade. Que a Casa Grande, completada pela Senzala, representava todo um sistema econômico, social, político, religioso e sexual. E que a miscigenação existente corrigiu a distância social entre negros e brancos no Brasil. Enfatizando que o regime de trabalho imposto após a abolição foi muito mais cruel com os proletários do que o regime escravocrata. É interessante notar que Freyre parte do argumento econômico para explicar a estrutura social. Segundo ele, a estrutura social