resenha capitões da areia
Aqui vemos personagens como o próprio Pedro Bala, líder desses garotos, que está disposto a ser como seu pai, um defensor daquilo que achava correto, Dora que assume os diversos papéis femininos como o de mãe, irmã e mulher e Sem-Pernas (o que mais me afetou), coxo e cheio de traumas, o mesmo fez com que suas próprias dores e temores se tornassem sua proteção contra o mundo. Há ainda muitos outros garotos que surgem na trama e que são importantes para o seu desenvolvimento, é impossível não se afeiçoar a um deles. Todos as personagens são bem estruturadas o que facilita a compreensão do leitor não só sobre a estória, mas sobre o cotexto geral do abandono, seja ele direto ou indireto, de crianças que ao necessitarem do básico para viver, acabam cometendo delitos e furtos em meio ao sonho de terem condições não só para garantirem a saúde e sustento, mas para suprirem a falta de carinho paterno. Jorge Amado, ao escrever em terceira pessoa, dá abertura para diversos focos, o que remete os problemas de cada personagem. Assim temos também a contextualização de uma sociedade baiana para todos, mas cheia de exclusões. Não só o abandono é o foco da problematização, como também a desigualdade social, o estrupo, a falta de condições básicas, enfim, o livro retrata a verdadeira realidade social em que o Brasil vivia na época e que não chega a ser, no fundo, diferente do século