RESENHA BIO

A discussão sobre ciência e ética, se colocada em nível radical, necessita previamente passar pela concepção filosófica de ‘ser humano’, ‘ética’ e ‘ciência’. Na perspectiva existencialista, o homem é um ser capaz de autodeterminação, ou seja, ser sujeito do conhecimento e da ação. Em consequência, no campo ético, tudo aquilo que tira ou diminui essa dimensão de sujeito é considerado violência. Por sua vez, a ciência moderna ocidental contém em si um amplo projeto de dominação: da natureza, de si mesmo e do outro. Portanto, uma ciência ética só é possível a partir de uma nova postura diante da própria ciência e dos valores da sociedade construída sob seu signo.
A ciência busca a verdade e a objetividade na natureza e no homem, não possuindo um caráter normativo. Não se preocupando com o dever ser mas exprimindo-se através de enunciados e preposições sobre o que a coisas são. Assim temos de buscar uma conciliação entre os ideais da ciência e os da ética, tendo-se em mente a harmonização entre esses dois ideais. Não obstante da necessidade de se ter a ciência com algo neutro em sua estrutura, embora a atividade científica, enquanto ação humana livre e sem determinação natural, implica sempre a moral.
Desta forma não se pode pensar a ciência e toda a atividade científica como algo totalmente independente da exposição de motivos ou causas morais. A busca do conhecimento pela ciência implica em uma avaliação moral, desde que seja uma busca da verdade, traduzindo-se em uma escolha, isto é, um ato livre conciliado a ética que se exprime pela moral.
Ética vem do grego ethos, ou seja, o caráter ou modo de ser próprio de cada um e também um conjunto de hábitos, comportamentos, indicando a forma correta de onde as coisas devem estar ou o lugar criado e conquistado pelo homem. Moral vem do latim mos ou mores, que significa costumes, ou um conjunto de normas ou regras adquiridas por hábito. Até aí não há uma clara diferenciação, etimologicamente significam a mesma coisa. A