Resenha bicho de sete cabeças

O enredo do filme começa mostrando o conflito familiar vivido pelo personagem Neto e sua família, principalmente seu pai que não aceita seu comportamento rebelde comum à idade. Tudo piora quando o pai de Neto encontra um cigarro de maconha nas coisas do filho levando-o a acreditar que, o fato do filho usar brinco, ser respondão e fumar maconha se da porque o mesmo se tornou um “drogado”. Num impulso, motivado pelo preconceito e desespero, o pai interna Neto num manicômio sem dá nenhuma explicação e sem que este passe por nenhum tipo de avaliação psiquiátrica.
O filme retratado acontece num período já após criação do SUS e inicio da luta antimanicomial, mesmo assim a instituição onde Neto foi internado, segue ainda o modelo “hospitalocêntrico”, onde os loucos e inconvenientes deveriam ser internados e retirados do convívio social, o tratamento era medicamentoso, através de choques ou isolamento em solitárias. As medicações eram extremamente fortes causando sedação e alucinações e não promoviam nenhum tipo de recuperação aos pacientes. Não havia nenhum tipo de assistência voltado à terapia ou reabilitação destes. O médico se mostra totalmente desinteressado quanto ao estado do ´paciente se importando apenas com a verba a receber do repasse do governo (SUS), tratando os pacientes com desprezo e muitas vezes, até com crueldade A equipe de enfermagem responsável pelo bem-estar e cuidado ao paciente, se mostra no filme negligente e descompromissada, sem se preocupar com nenhuma das necessidades básicas desses indivíduos que ali são assistidos.
A história busca retratar o comportamento de uma sociedade para com aqueles que não seguem os padrões “convencionais” aceitas por esta. Mesmo com a criação do projeto de Lei do deputado Paulo Delgado de 1990, onde esta trás a substituição do modelo hospitalar (manicômio) por outras formas de atendimento mais humanizado e de inclusão, o filme retrata a realidade vivenciada até pouco tempo em nosso país, onde a maioria dos