Resenha: Atlântico Negro
1998, https://www.youtube.com/watch?v=5h55TyNcGiY
“Dentro de tanta perversidade e destruição, uma coisa nunca pôde ser arrancada e esquecida dos africanos, que no Brasil se instalaram, sua alma cheia de cultura e ricas tradições”. Na direção de Barbieri, o documentário Atlântico Negro – Na Rota dos Orixás dedica-se a nos mostrar o lado africano que está presente em todo Brasil cultural (a religiosidade, a musicalidade, a fala, hábitos alimentares, a estrutura familiar e as manifestações culturais). África esta que faz parte do imaginário brasileiro e onde estão os nossos mais ricos e misteriosos mitos. Neste longa, historiadores, antropólogos e sacerdotes brasileiros e africanos relatam o histórico e as origens das afinidades culturais que unem os dois lados do Atlântico.
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Filmado nos estados do Maranhão e Bahia, bem como no Benin – África, o documentário nos apresenta uma perspectiva incomum, motivada pela contribuição dada à África pelos escravos que voltaram ao continente.
Antes mesmo da chegada dos europeus, a África possuía impérios e civilizações bem complexas e consolidadas, como o reino de Benin, Congo e no interior do
Zimbábue. O historiador Alberto da Costa e Silva afirma que os africanos trouxeram ao
Brasil o trabalho do ferro, foram grandes mestres da mineração, agricultura e criação de gado extensivo.
Ao virem para o Brasil, os africanos traziam sua cultura com eles. No Benin e
Nigéria são encontradas as principais raízes dos cultos religiosos que estão presentes nos descendentes afro-brasileiros, como o Candomblé na Bahia, o xangô de
Pernambuco e o tambor de mina no Maranhão. A religião dos orixás, que deu nome ao documentário, também está bem vívido no contexto África-Brasil e nos remete à noção de família.
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Diferentemente da visão preconceituosa, a religião do vodus é, na verdade, uma religião que visa o bem, cujo vodu é uma espécie de anjo protetor