Resenha, apapaatai: rituais de máscaras no alto xingu
1020 palavras
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Nome do (a) autor (a): Yara N. NgomaneInstituição: Universidade São Tomás de Moçambique - USTM.
Mestre em Antropologia Social.
E-mail: yarangomane@gmail.com
Aristóteles BARCELOS NETO. Apapaatai: rituais de máscaras no Alto Xingu. São Paulo, Edusp, 2008. 336 páginas
Em Apapaatai: rituais de máscaras no Alto Xingu, Barcelos Neto apresenta-nos um estudo etnográfico sobre as relações sociais que os Wauja estabelecem com os apapaatai: os seres espíritos. O livro, dividido em três grandes partes (Transição de Corpos e Almas, a Produção ritual dos Apapaatai e Os rituais de Apapaatai e a Cosmopolítica Wauja), mostra como os processos de transformação e objetivação dos apapaatai, isto é, a intervenção desses espíritos sobre e através das pessoas, fazem com que os campos da doença, da cura, do ritual, da política, da economia e da moralidade estejam imbricados. Percebe-se, portanto, um campo implicando e interferindo no outro. Vejamos como isso ocorre. É na doença que se estabelece uma relação entre os domínios humano e não-humano, uma relação tanto para fora (com o sobrenatural) como para dentro (a sociabilidade); é ela que potencializa a produção artística e intelectual. Nos Wauja, ao adoecer ocorrem múltiplos e seguidos raptos de frações da alma do doente pelos apapaatai, sendo que alma e corpo implicam-se mutuamente: “(...) não existe oposição entre corpo e alma, e sim uma composição, ou melhor dito, uma multiplicação fractal dos pontos de vista e da consciência.” (BARCELOS, 2008, p. 107) Cabe ao xamã recompor os fragmentos dispersos da alma, descobrindo com quais apapaatai estão a(s) alma(s) do doente. Assim, como Barcelos lembra, o xamanismo se configura como um conhecimento que auxilia a familiarização e a inclusão social dos apapaatai entre os humanos; afinal, nessa cura, nessa busca de reintegrar o corpo e os fragmentos da alma do doente, parentes consangüíneos e/ou afins são