Resenha AMADO Jorge
AMADO, Jorge. Capitães da areia. São Paulo: Companhia das Letras, 2008,
288p.
Matheus Valdemir Germino
Graduando em História/ UNESP-Assis
A historiografia brasileira dos 1930 e 1940 foi marcada por diferentes interpretações a respeito da “formação” e das “raízes” da sociedade. As abordagens se voltaram, sobretudo, para a história das colonizações, tema caro aos interpretes do período, como Gilberto Freyre,
Sérgio Buarque de Holanda e Caio Prado Júnior, que englobaram diferentes perspectivas através de teorias específicas que estavam em voga na Europa e nos EUA naquele momento.
A literatura brasileira do período também absorveu as dinâmicas polítcas, sociais, econômicas e culturais que estavam latentes no período pós-Revolução de 1930, com obras marcantes e até hoje atuais. “Todas elas nasceram movidas pelo objetivo de buscar conhecer o Brasil
“real”, entender as bases da sua “formação social”, daignosticar seus problemas e resolver seus dilemas, promovendo sua cultura.” (DUTRA, 2013, p. 243-244). A literatura é, para os historiadores uma fonte fecunda de análise e interpretação do passado e da realidade políticosocial. Datam desse momento histórico autores que foram e ainda são de importância significativa para a formação cultural e intelectual da identidade do Brasil, como Rachel de
Queiroz, José Lins do Rego, Graciliano Ramos e Jorge Amado, cujo romance Capitães da areia (1937) será aqui analisado.
Jorge Amado de Faria nasceu em Itabuna, sul da Bahia, em 1912 e era filho de propretários de terra que cultivavam cacau. Definia-se como “apenas um baiano romântico e sensual”, demonstrando todo seu lirismo e idealização que se encontram reproduzidos em sua obra, na qual buscou retratar as contradições presentes na sociedade brasileira, descrevendo as opressões sofridas por trabalhadores rurais e classes populares urbanas, voltando-se para a exclusão social e étnica, destacando o caráter racista presente nas sociabilidades baianas.
Outra característica que