República Federativa: A ascensão da democracia moderna

Introdução

O presente trabalho tem como objetivo o desenvolvimento de um reflexão acerca do regime de governo que viria a se tornar um modelo tão ou mais paradigmático quanto a pólis grega para àqueles que se apossassem dali pra frente do ideal democrático em suas filosofias de governo: à saber, o regime federalista norte-americano ratificado na Constituição de 1790. Mais do que uma descrição do objeto em si, dos mecanismos e funcionalidades do Estado sob um regime federalista, o que aqui ambiciono é ditar as conjunturas históricas necessárias para que tal modelo imergisse na construção do ideário norte-americano de democracia e o embate que provocou em sua origem. O que está em jogo é o surgimento de uma nova forma de pensar a política que não por acaso terá suas raízes no Novo Mundo. Não é fruto imediato da Revolução Americana e está longe de vir naturalmente e adequar-se facilmente à realidade social e política da ex-colônia. O caráter de novidade se torna legítimo na medida em que encontra oposição. Noções novas de representatividade e o interesse por um Estado forte sem que se torne opressor, objetos em pauta de um grande debate que se conjuga na fonte primária matriz desse trabalho (O Federalista, 85 artigos publicados sob o pseudônimo Publius que hoje se reconhecem como de autoria de James Madison, John Jay e Alexander Hamilton) nos trarão luz, ao longo do trabalho, à maturação necessária para que o pensamento federalista florescesse em solo norte-americano. Para além do uso dessa fonte primária, contarei com o uso de comentadores destes três grandes pensadores e idealizadores da Constituição que pairam o panteão dos founding fathers, nomenclatura cabida aos grandes homens da história estadunidense, os pais fundadores, dando assim um bom panorama do debate federalista e anti-federalista que envolveu a Convenção da Filadélfia, local onde se deu a confecção da Constituição iniciando-se a campanha por sua ratificação. É um momento de síntese,