Para representar um grupo de indivíduos, seja um povo como os portugueses ou uma minoria como a população judaica em Portugal, por exemplo, é necessário fazer um estudo aprofundado sobre o mesmo – considerar todos os aspectos e daí extrair os que são mais relevantes para o definir. A produção de uma etnografia é uma forma de representar um grupo social. No entanto, esta nunca pode ser completamente fiel à realidade, pois depende daquele que a produz que é, inevitavelmente, influenciado pelo meio social de que provém, entre outros aspectos. A exemplo, a própria disciplina de História lecionada nas escolas representa grupos sociais, deixando para trás algumas minorias, por se considerar serem de “menor importância”. Os representantes são considerados, à partida, superiores aos representados. São aqueles que os dominam, pois têm uma espécie de “função coordenadora” - quase como se tivessem “o direito de ajuizar sobre aquilo que é importante e aquilo que não o é” (Sobre A Autoridade Etnográfica, 138). O texto de Edward Said, O Orientalismo, defende que o orientalismo é uma invenção europeia, que apenas existe para e pelos ocidentais. O autor afirma que “a cultura europeia foi capaz de administrar – e até produzir – o Oriente, dum ponto de vista político, ideológico, científico e imaginário” (Orientalismo, 3). Tudo aquilo que o orientalismo transmite faz sentido apenas para os ocidentais – no fundo é uma comparação entre estes dois pontos. Said defende também que o Ocidente usa o Oriente para se afirmar, que “a cultura europeia adquiriu força e identidade ao afirmar-se contra um Oriente visto como uma espécie de forma sucedânea ou subterrânea.” (Orientalismo, 4). Existe uma ideia de “identidade europeia superior a todos os povos e culturas não europeus” (Orientalismo, 8). Parte-se muito frequentemente do pressuposto de que a história da Europa contém “os modelos maioritários para as normas a que qualquer outra sociedade humana deveria aspirar” (Histórias de