Representações étnicas no romance O meu nome é Legião
26 a 29 de junho de 2012
Universidade Federal do Espírito Santo
Vitória (ES)
Grupo de Trabalho: Africanidades e Brasilidades em Literaturas
Título do trabalho: Representações étnicas no romance O meu nome é Legião, de Lobo Antunes
Autora: Gabriela Nunes de Deus Oliveira
Instituição: Mestranda em Letras pela Universidade Federal do Espírito Santo
(UFES)
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Introdução
No romance O meu nome é Legião (2009), do escritor português António Lobo
Antunes, encena-se um contexto de violência e marginalidade que pode ser observado nas periferias dos grandes centros urbanos. Na obra, oito jovens suspeitos, moradores do Bairro 1º de Maio – bairro próximo a Lisboa, conhecido pela
“degradação física e inerentes problemas sociais” (ANTUNES, 2009, p. 9) –, roubam dois carros em uma noite, cometendo, a partir de então, uma sequência de crimes ao longo da madrugada.
Ao retratar um cenário metropolitano português em que convivem brancos, negros e mestiços, os dois últimos grupos (descendentes de imigrantes africanos) ocupando um lugar inferior na hierarquia social, a obra tematiza de forma contundente questões relacionadas às representações étnicas ligadas aos estereótipos raciais.
Sendo assim, este trabalho pretende analisar O meu nome é Legião verificando o modo como a narrativa problematiza discursos raciais estereotipados. Para tanto, laçaremos mão do referencial teórico proveniente de Homi Bhabha (1998) e Stuart
Hall (2006). Na análise do romance, também serão importantes as contribuições críticas de Ana Fonseca (2009) e Agripina Vieira (2007).
Uma legião de locutores
O meu nome é Legião é construído a partir da figura do inquérito policial, elaborado pelo agente de primeira classe Gusmão, policial prestes a se aposentar encarregado de investigar a ação dos jovens. Sendo o locutor dos três primeiros capítulos do livro, Gusmão descreve a conduta dos suspeitos