Representações sobre o tempo na Idade Média
Rust demonstra em seu artigo que a exploração e as dimensões sociais com que os homens revestem o tempo nos faz a alcançar a oportunidade de investigação de toda uma sociedade ou uma época. Segundo o autor, Le Goff disponibilizou inúmeras contribuições que tornaram mais nítida a representação do tempo, ou seja, a modalidade de interação humana e que numa civilização podem coexistir tantos “tempos” da mesma maneira que existem diferentes segmentos sociais, a pluralidade de representações é possível porque a imagem do tempo traz em si uma série de fatores historicamente construídos, tais como o escalonamento da hierarquia social, as divisões sócio-profissionais e o controle sobre parcelas do poder ideológico. Le Goff buscou demonstrar que, durante o período medieval, duas concepções de tempo convergiam: o tempo sacramental que foi concebido por teólogos e filósofos cristãos sendo assim o tempo da igreja, e o tempo pragmático que era manipulado pelos mercadores, sendo considerado como o tempo do mercador.
Para Le Goff O “tempo da Igreja” era sinônimo de um tempo histórico orientado por e para Deus, desta maneira o clérigo medieval voltava-se para o tempo com a mesma postura paradoxal com que lidava com tudo o que pertencia à ordem da criação, a este mundo terreno proveniente de Deus, porém manchado pelo pecado e corroído pelo mal: por um lado, ele reverenciava o tempo ao ritualizá-lo como expressão do eterno, consagrava-o como esteira de salvação e santidade por meio de celebrações religiosas; por outro, ao vislumbrá-lo como promotor da dissipação carnal e da nefasta imposição da morte ele o exorcizava pela