Representação do espaço no Renascentismo - Ensaio escrito
Representação do espaço no Renascimento
Ensaio – Representação do espaço no Renascimento
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"E assim, portanto, há uma idade que temos que chamar de ouro... e que o nosso século seja assim, áureo, ninguém duvidará disso se tomar em consideração os admiráveis engenhos que nele se achou."
Marsilio Ficino, Epistole IX, 1492
Assim diz Marsílio Ficino, filósofo renascentista, sobre a era da redescoberta e revalorização das referências culturais da antiguidade clássica, que nortearam as mudanças deste período em direção a um ideal humanista e naturalista: Era do nascimento do estudo do espaço e da codificação da sua representação numa disciplina geométrica, a perspectiva linear. Costuma-se dividir o Renascimento em três grandes fases, Trecento, Quattrocento e
Cinquecento, correspondentes aos séculos XIV, XV e XVI, e é exatamente no Quattrocento que estamos interessados, a era dourada do Renascimento, a era onde as representações da figura humana adquiriram solidez, majestade e poder, refletindo o sentimento de autoconfiança de uma sociedade que se tornava muito rica e complexa, com vários níveis sociais, de variada educação e referenciais, que dela participavam ativamente formando um painel multifacetado de tendências e influências.
A maior contribuição da pintura do Renascimento foi sua nova maneira de representar a natureza, através de domínio sobre a técnica pictórica e a perspectiva de ponto central, que foi capaz de criar uma eficiente ilusão de espaço tridimensional em uma superfície plana. Tal conquista significou um afastamento radical em relação ao sistema medieval de representação, com sua estaticidade, seu espaço sem profundidade e seu sistema de proporções simbólico – onde os personagens maiores tinham maior importância numa escala que ia do homem até Deus – estabelecendo um novo parâmetro cujo fundamento era matemático, no que se pode ver um reflexo da popularização dos princípios filosóficos do
racionalismo,