Reportagens administrativas
Galindo transformou-se da noite para o dia em herdeiro de uma das maiores fortunas de Cuiabá, cidade onde a família morava. É um momento com o qual todo mundo passa a vida sonhando: ganhar uma fortuna e ter a chance de largar o trabalho, curtir as viagens, os carrões, as mulheres — ou simplesmente ficar de papo para o ar na praia.
Galindo tinha até direito de fazer tudo isso. Começou a trabalhar aos 14 anos, cuidando do departamento de fotocópias de uma das faculdades da família. Aos 17, quando não podia nem dirigir um carro, já era gerente de seleção do grupo: passava as semanas organizando vestibulares pelo interior de Mato Grosso.
Aos 25, formado em direito na própria Iuni, assumiu a diretoria de marketing. Com 30 anos, virou presidente. Apesar de jovem, portanto, Galindo havia trabalhado um bocado. Mas, quando seu pai vendeu a Iuni, ele foi indicado, temporariamente, como vice-presidente da Kroton. Acabou virando presidente sete meses depois.
“Quem ficou rico foi meu pai”, diz Galindo. “Eu ainda não fiz nada.” Passados exatos dois anos, não se arrepende da decisão de seguir trabalhando. Seus chefes, entre os quais está o fundo de investimento americano Advent, muito menos.
Com a chegada de Galindo, a Kroton iniciou uma trajetória impressionante. Em dois anos, cresceu mais do que nas quatro décadas anteriores. A empresa começou com um cursinho pré-vestibular em Belo Horizonte nos anos 60. Mais tarde, estreou no ensino superior.
Em 2007, abriu o capital para, assim como suas concorrentes, comprar faculdades menores e oferecer educação superior a preços camaradas a uma enorme fatia da população que entrava no mercado de consumo. No papel, o plano até fazia sentido. Na prática, estava dando tudo errado.
A Kroton crescia aceleradamente — comprando faculdades no Rio de Janeiro, na Bahia e em Alagoas —, mas não dava dinheiro. Em 2009, alcançou 400 milhões de reais de receita, mas teve 8 milhões de prejuízo. Na bolsa, a Kroton