Reportagem
Com a popularização do esporte no país, surge a figura do “jogador profissional”, que abre mão de carreiras tradicionais para viver das cartas.
“Ainda é muito difícil explicar para os familiares que não é um jogo de azar e que há muita habilidade envolvida”, diz Diego Machado, estudante de economia da UFRGS e jogador de poker, sobre o grande preconceito que permeia sua profissão. Ele explica que a prática envolve, além o fator sorte, muita destreza, variáveis matemáticas, psicológicas e de gestão de investimentos. Um estudo realizado pela Cigital analisou mais de 103 milhões de rodadas da aposta, as chamadas “mãos”, e constatou que 75,5% delas não terminaram em showdown, a ação de abrir o jogo e mostrar as cartas. “A pesquisa revelou que a habilidade influência em 88%, enquanto a sorte fica com apenas 12%. Em longo prazo esse fator ganha menos importância”, explicou Machado.
Em sessões de 9 a 13 horas diárias conectado ao site Poker Online (www.pokeronline.com), o jogador obtém lucros que chegam a quatro mil dólares mensais em média, jogando em até 12 mesas simultaneamente. “Os amigos mais próximos entendem que é necessária dedicação para estar entre os destaques, mas as piadas sobre minha agenda intensa de jogos, que inclui os domingos, são incessantes”, brinca o atleta.
Além de divertido e lucrativo, o poker é mais do que um jogo de cartas, é um jogo de pessoas. Diego conta que a experiência da mesa rende lições que ele leva para a vida. O autocontrole, por exemplo, é um dos principais atributos do jogador e acaba facilitando situações cotidianas. “Na mesa é preciso se adequar ao adversário, assim como adaptamos nosso tratamento a chefes, pais e namoradas”, compara. Assim, como na vida, no poker as variáveis estão em constante mudança e toda a atenção é pouca.