Reportagem alcoa
Uma promessa para Juruti
Uma cidade às margens do rio Amazonas, no Pará, é cenário do mais ambicioso projeto da Alcoa, A maior fabricante de alumínio do mundo. Ali, a empresa pretende transformar uma mina de bauxita em caso exemplar de exploração responsável. Seu desafio: gerir o impacto do projeto na vida de milhares de moradores, para quem a Alcoa sequer deveria estar ali por Aline Ribeiro
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Fotos Luiz Maximiano, de Juruti (PA)
Era junho de 2006 quando Henry Schacht, Judith Gueron e Kathryn Fuller, membros do conselho de administração da Alcoa – maior produtora de alumínio do mundo, com vendas de US$ 30,7 bilhões em 2007 –, embarcaram numa longa viagem. Acompanhados de 12 executivos da companhia, trocaram o conforto de Nova York pelo calor úmido do interior da Amazônia. Depois de escalas em São Paulo e Santarém, chegaram de helicóptero a Juruti, no oeste do Pará, e seguiram de barco pelo rio Amazonas até a vila de Juruti Velho, uma comunidade encravada no meio da floresta, onde boa parte da população torcia o nariz para a Alcoa. Meses antes, a companhia recebera da Secretaria de Estado de Meio Ambiente a licença para instalar na região um empreendimento avaliado em R$ 3,5 bilhões para extração e beneficiamento de bauxita, a matéria-prima do alumínio. Os moradores de Juruti Velho protestavam contra a presença da companhia. Temiam que a chegada da multinacional ameaçasse seu modo de vida tradicional, baseado na pesca, na caça e na coleta de castanha.
Um galpão sem ar-condicionado e com telhado de palha, na praça principal do vilarejo, serviu de palco para as discussões entre o alto escalão da Alcoa e cerca de 30 moradores. Intérpretes contratados pela empresa traduziam em tempo real o que uns e outros falavam. Diferentemente do habitual, os executivos não comandaram a reunião – eles mais ouviam do que falavam. Os ribeirinhos, por sua vez, questionavam os danos ambientais da obra e a